O combate no cotidiano profissional 2020-02-08T11:57:00+00:00

COMBATE NO COTIDIANO PROFISSIONAL

Esta seção reúne relatos de experiências de assistentes sociais no combate ao racismo no exercício profissional.

O prazo para envio dos relatos encerrou no dia 7/2/2020, conforme amplamente divulgado pelo CFESS.

Se você, assistente social, promoveu ou promove alguma ação de combate ao racismo no seu cotidiano profissional, como oficina e reuniões, compartilhe com a gente sua experiência.

Queremos saber qual foi sua ação, quantas pessoas foram abordadas nessa ação e, se puder, o envio de uma foto registrando a atividade.

É preciso preencher corretamente o formulário abaixo, respeitando as seguintes orientações:

  • Nome completo;
  • Número de registro no CRESS;
  • Cidade/Estado;
  • Relato breve da ação que promoveu (máximo de três parágrafos ou 1500 caracteres);
  • Número de pessoas aproximadamente atingidas pela ação;
  • E-mail.
  • Fotos da ação (duas no máximo)

Após envio do formulário, você receberá um aviso da Comissão da Campanha Assistentes Sociais no Combate ao Racismo sobre a possibilidade de publicação da sua experiência.

PREENCHA O FORMULÁRIO

  Atuei desde minha formação no terceiro setor em campo grande mato grosso do sul o local onde sempre desejei estar ,uma comunidade negra quilombola urbana afcn Associação familiar da Comunidade Negra. Onde por muito tempo existiu um projeto social de nome curumim pé de ouro, sabe o que significa ? por onde você andar seu caminho sera de luz. uma instituição onde atendia aproximadamente 100 crianças do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos proteção social básica.todas as atividades eram em torno da conscientização trabalho de identidade ,direcionado para as crianças e suas famílias do território.o proposito das atividades era produzido através de oficinas de pintura em telas ,roda de conversa,brincadeiras lúdicas oficinas de percussão onde muitos crianças tiveram oportunidades de excelentes apresentações culturais juntamente com a equipe de educadores sociais. onde guardam com muito carinho e boas recordações troféus medalhas e sobretudo o reconhecimento de um trabalho que foi realizado com muita dedicação. as musicas e toda vestimenta era voltada para dança afro ,turbantes pintura facial e adereços . participei levando informação sobre um trabalho feito diariamente sobre temas muito importantes de combate ao racismo e aceitação auto estima protagonismo e emponderamento de meninas e meninos se reconhecerem como cidadãos de grande valor na sociedade. desfiles ,apresentações debates e encontros com as lideranças do movimento negro e demais comunidades . Lilian Rosa Silva  

LILIAN ROSA SILVA
(CAMPO GRANDE MS)

  Este relato se trata da semana de planejamento do Serviço Social do programa Guri e 9ª Jornada de Formação Sociopedagógica com os assistentes sociais dos Polos de música da cidade de São Paulo através de palestras, apresentações musicais, grupos de discussão e reflexões. Dentre a metodologia do planejamento do serviço social houve um espaço para reunião com os 27 assistentes sociais para trabalhar o tema de preconceitos: Juventude e lei sob a vigilância do Estado Penal, e a questão dos rolezinhos e preconceitos sociais e raciais. Foi realizado a construção de uma colcha de retalhos pelos assistentes sociais, a qual foi tecida sobre toda a costura à mão, utilizando agulhas e fios possibilitando assim que cada um/uma bordasse a sua própria história, ações e intervenções. A técnica de costura que trabalha a união de diversos retalhos um a um, podendo dar origem a desenhos multicoloridos que foram compondo a colcha, inclui-se o fuxico foi ensinado neste processo de troca por uma das assistentes sociais negra. Nesta ocasião essa atividade aproximamos os/as 07 assistentes sociais negros e negras para trocarem experiências de ações de combate ao racismo nos Polos de música do Guri nas periferias de São Paulo. O resultado deste processo foi um colorido e diversificado manto deu possibilidade de materializar no lúdico o invisível que tem aquecido com retalhos de histórias de vidas, tecidas pelo fio de cada exercício profissional da/os assistentes sociais na instituição. E Finalizou com a apresentação da colcha de retalhos na jornada.  

RICARDO VIEIRA DE OLIVEIRA SANTOS - VOS
(BOM RETIRO/SÃO PAULO)

  Este relato se trata de um projeto de intervenção realizado pelo assistente social e o Coletivo Negro Minervino de Oliveira em São Paulo no Serviço de Acolhimento Institucional Para Crianças e Adolescentes – SAICA, onde o objetivo foi conversar com as crianças e adolescentes sobre a historia dos povos negros e os aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira. Vinte crianças e adolescentes tiveram a oportunidade de visitar o Museu Afro Brasil, por meio do projeto “rolê”. A iniciativa foi do movimento negro em articulação com a equipe técnica do Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes – SAICA na zona norte de São Paulo. Para as crianças, o passeio foi uma diferença nas rotinas do abrigo. Uma criança, quando questionada sobre o que mais gostou, não hesitou em falar: “representação da minha religião da umbanda”. A criança do serviço de acolhimento, de 12 anos, era uma das mais curiosas do grupo e demonstrou entusiasmo desde o início da visita. “É muito legal saber das coisas do nosso passado e a sala que eu mais gostei foi a que mostrou as bonecas negras”. O coletivo proporcionou uma roda de conversa e um piquenique no parque do Ibirapuera para uma conversa sobre racismo, historia afro brasileiro e acervo, após a visita no museu. O coletivo fez mais ações nos meses de agosto até novembro.  

RICARDO VOS
(SÃO PAULO/SP)

  Diretora do Departamento de Gestão do SUAS (DGSUAS) da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), a assistente social e militante Paula Siqueira Costa, 36 “Quando se fala que somos minoria, nós não somos. Dados (do IBGE) apontam que somos (pretos ou pardos) 55,8% da população (brasileira). Como moradora do Careiro Castanho, eu lidero o movimento ‘Promotoras Legais Populares’ no município, que fica a 88 quilômetros ao sul da capital Manaus, e ainda trabalho localmente com a questão de gênero. É algo ético mesmo, que nós como assistentes sociais devemos combater (o racismo) e ser antirracista. Precisamos fazer correções no processo histórico, afinal, no que se refere a ocupar espaços de poder, por exemplo, somos apenas 30%. Então, cada espaço que uma mulher negra e pobre ocupa é um momento que precisamos parar e refletir: Até que ponto avançamos? O que ainda precisa ser construído? Na minha adolescência, eu vivi (o racismo) na escola, mas tratei de uma forma bem tranquila dizendo: ‘Olha, você não precisa gostar de mim, mas tem que me respeitar’. E, infelizmente, na fase adulta já trabalhando como assistente social, quando assumi uma secretaria, eu senti da forma mais doída o racismo quando a equipe (de trabalho) não entendia o meu papel ali (em uma posição de chefia). Quando você se depara com o racismo nos bairros e na escola está lidando com pessoas que não tiveram a mesma formação (no serviço social), mas quando você está em um ambiente institucional onde a premissa é o Código de Ética e a formação e se depara com outro colega com o mesmo nível de Ensino Superior te cerceando (por preconceito), fica o questionamento: O quanto ainda precisamos fazer? Como assistente social, quando atendo meus usuários eles se identificam comigo. Porque quando se trabalha a questão do racismo não vem em um pacote fechado. Nós estamos contra o racismo, o machismo e a homofobia. E a política de assistência é uma porta aberta porque é, justamente, com os nossos usuários que vamos tratar esse processo da política afirmativa”.  

PAULA SIQUEIRA COSTA
(CAREIRO CASTANHO/AMAZONAS)

  Faço parte do Grupo de Estudo das Relações Etnico Raciais no Serviço Social (GERESS) e da Soweto Organização Negra, organização do movimento negro que há 26 anos desenvolve ações antirracistas em São Paulo (SP), incluindo ações utilizando os pressupostos teóricos metodológicos de Paulo Freire com estudantes do ensino médio à pós-graduação, das diversas partes do país e também estudantes internacionais. Em 2018 a Soweto abriu campo de estágio na temática étnico racial. Posso afirmar que a experiência foi bastante desafiadora e ao mesmo tempo gratificante, pois levar as alunas de Serviço Social entenderem e vivenciarem como o racismo se estrutura na sociedade e nas instituições foi nosso desafio, contanto sempre com o GERESS nas reflexões e acompanhamento das atividades. Alunas, brancas e negras, puderam vivenciar situações muitas vezes não debatidos em sala de aula, mas importantes para a intervenção profissional. Conhecer a luta do movimento negro e do movimento de mulheres negras, entender como vivem e os problemas enfrentados pela população de imigrantes e refugiados dos países africanos e do Haiti, conhecer outras instituições que trabalham como rede de apoio a essa população, apreender como se manifesta o racismo na sociedade brasileira, foram algumas das atividades desenvolvidas.  

suelma ines alves de deus
(São Paulo(SP))

  Este relato se trata de um projeto de uma atividade socioeducativa realizada em 27 de setembro de 2018, pelo assistente social e a articulação da turma "Embaixada do Santos Futebol Clube" em São Paulo pelo projeto “Multiplicação de Peixinhos”, por meio de passeio com as crianças e adolescentes dos Abrigos da Casa Verde, localizados na zona norte da cidade de São Paulo (SP), onde teve como objetivo um dia cheio de atividades, tais como: visita à concentração do elenco, visita ao Museu do Futebol (monitorada por historiadores santistas), lanche e brindes, assistir ao jogo Santos FC x Vasco, no Pacaembu, junto da torcida organizada e finalizando com um roda de conversa sobre futebol e preconceitos. A visita monitorada pelo museu percorreu o futebol feito a partir de imagens, sons, jogos e interatividade. Na visita ao Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, a trajetória do esporte no Brasil foi o ponto de partida para que os acolhidos pudessem estudar mais sobre sua relação com as narrativas de suas vidas. Na roda de conversa foi abordada a história do futebol brasileiro e que contém, ao longo de quase um século, os registros de episódios marcados pelo racismo institucional. As crianças e adolescentes, ainda se impressionaram ao descobrir que os negros já foram proibidos de jogar bola em muitos times no início do século XX. Perceberam o machismo, pois as mulheres, desde os primeiros anos de futebol nacional, também lutam para poder participar do esporte e combater o racismo e machismo.  

RICARDO VOS
(SÃO PAULO/SP)

  Essa ação se configura na terceira edição do projeto que começou a ser implantado em Novembro de 2019, na Escola Municipal de Mutuapira no Estado do Rio de Janeiro, na cidade de Tangúa. Esta ação principal foi realizada com o objetivo de exaltação e valorização da cultura do povo afro descendente, com a realização de oficina de turbantes , leitura de história e também desfile com a música da MC SOFIA( MENINA PRETINHA). No entanto, a ação em questão foi realizada com bastante suporte em todos os aspectos, porém a ação realizada no dia 0122020 que foi implantada na Biblioteca Comunitária Conceição Maria Lopes na cidade de Itaboraí,foi realizado sem nenhum tipo de suporte áudio visual, áudio musical. Em relação ,a estrutura física encontra-se bastante precarizadas com muitas ações de infra estrutura a ser posto em prática. Diante disso, a percepção que se tem quando se entra neste espaço e a mais agradável possível e como se você estive sido transportado por mundo mágico. Logo na minha chegada a esse espaço as crianças demostram -se interessadas no que eu tinha para oferece´las é importante pontuar que essas crianças estavam em situação de vulnerabilidade social. Onde está realidade me impactou bastante,pois como iria retratar a questão da auto -estima, sendo que essas crianças muita das vezes não tinha nem o que comer. Diante disso, a metodologia foi toda adaptada para esse espaço, no primeiro momento relatei as minhas vivências onde foquei na questão de ser integrante de uma família com raízes afro descentes e perpassou por todas as questões de luta. No segundo momento, utilizei fragmentos da música "PRETO FERREIRA" ( Martinho da Vila) e fechamos com a oficina de desenho realizado somente com papel ofício, lápis de cor e linha de lá. O principal objetivo dessa oficina, era retratar suas percepções fenotípicas na tentativa de aceitar que o nosso corpo ,nosso rosto,nosso cabelo. Enfim,foi muito gratificante realizar esse projeto desse espaço,pois essa experiência me demostrou que "Não é o mais forte que sobrevive,nem o mais inteligente,mas o que melhor se adapta as mudanças" (Charles Darwin). Sendo essa uma característica de Resiliência e Resistente da população brasileira sobre tudo a população Negra. Gratidão por esse espaço de propagar práticas inspiradoras. Tábatta Silva dos Santos  

Tabatta Silva dos Santos
(Rio de Janeiro )

  Este relato tem como objetivo de compartilhar, a contribuição e a participação no projeto de intervenção promovido por meio de oficinas (turbantes e boneca Abayomi), exposição de pôsteres, cartazes e jornais. Realizados pelos alunos do curso de Serviço Social no Centro Universitário Anhanguera – Niterói, no dia da Consciência Negra em 2019, em consonância com a campanha “Assistentes Sociais no combate ao Racismo CFESS/CRESS”, a convite do professor e doutor Reinaldo da Silva Guimarães. Esta ação buscou impulsionar aos alunos um olhar direcionado para a práxis profissional, conforme o Projeto Ético-Político. Foram abordados temas como: mulher negra e a violência obstétrica, racismo virtual, o negro no trabalho, reconhecimento de identidade, colorismo, ações afirmativas, cultura afro-brasileira, entre outros... E promover a conscientização em relação às questões raciais apresentando essas temáticas não só aos alunos do Serviço Social, como também ampliar esta reflexão aos alunos de outros cursos da instituição. Destaco que a campanha fez parte do meu processo de formação no que resultou, com a elaboração e apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso, abordando a cultura afro-brasileira com recorte na Capoeira como elemento para fomentar a “Afrocidadanização”, e sigo no combate ao Racismo, com publicação de livro e de artigos, oficinas e palestras direcionadas ao debate Racial". Luciene Gustavo Silva Niterói – RJ  

Luciene Gustavo Silva
(Niterói / RJ)

  Trabalho no Núcleo Assistencial Anita Briza. Em 2019, atendi a Sra. Y, mulher, negra, de 47 anos, beneficiária do Programa Bolsa Família. Sra. Y reside com filhos/filhas e netos/netas, todos/as ainda crianças, num apartamento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano - CDHU na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo (SP). No início do atendimento percebi, pelo seu semblante e olhar, tratar-se de uma mulher que carregava consigo tristeza e sofrimento. Sra. Y relatou que há 09 nove meses foi diagnosticada com vírus HIV, foi contaminada pelo seu ex companheiro, pai de seus filhos. Residiu com o companheiro por mais de 10 anos, após o diagnóstico, separaram-se, ele abandonou a família e nunca mais mandou notícias. Sra. Y alega que quando soube da doença, ficou sem chão e desde então não conseguiu buscar ajuda médica ,não contou para os familiares, amigos, pastor da igreja , pois temia julgamentos, isolamento e até a perda da guarda das crianças. Toda esta situação piorou sua saúde, sentia-se deprimida, irritada, desanimada, sabia que as crianças percebiam o quanto ela estava debilitada, doente. Aquele atendimento teve um grande diferencial uma vez que Sra. Y relatou toda sua história e , a partir de então, foi possível iniciar a intervenção profissional. O que motivou Sra. Y se abrir? Duas mulheres negras, em posições diferentes, sentadas frente a frente, ligadas pela ancestralidade fez a diferença e reforçou o acolhimento. Mas refleti também sobre a invisibilidade do corpo negro para as pessoas, para a sociedade, sobre qual tipo de atendimento, escuta, atenção foi dada a ela nos diversos serviços por onde passou para ela chegar naquele estado físico e emocional? Lembro dela repetindo a cada instante que não havia contado a ninguém por medo de julgamento, pela falta de atenção. A confiança e a ligação dela por mim foram determinantes para o início de uma nova direção na sua vida. Ao termino do atendimento Sra. Y perguntou se podia me abraçar e disse que sem aquele atendimento não sabe o que seria da sua vida. Após uma semana, retornou sorridente, relatou que iniciara o tratamento e reproduziu as falas das crianças “ mãe, você está diferente, mais calma, sorrindo, não está gritando com a gente. “  

Alynne Mayra Costa
(Sao Paulo)

  Nos meses de Julho e Agosto de 2019 foram realizadas em Campo Alegre/AL oficinas de debates sobre o papel dos profissionais do SUAS e a Questão Étnico Racial com profissionais que compõem os CRAS e do Programa Criança Feliz, através das assistentes sociais Luiza Santana, Lucélia Bispo e Nayhana Calandrine que a partir do Curso de Extensão da Questão Ético Racial ofertado pelo CRESS Alagoas idealizaram ações no município. O objetivo das oficinas foi a promoção de discursões sobre o racismo institucional possibilitando a análise da questão étnico racial na atuação profissional dentro do âmbito do SUAS, sensibilizando os profissionais em busca de oferecer aos usuários que procuram os serviços na Proteção Básica do SUAS um atendimento cada vez mais qualificado, respeitando as diferenças. No primeiro momento além da presença dos profissionais que integram as equipes do CRAS sede e Luziapolis, visitadoras do Programa Criança Feliz da sede e contamos com a presença da Diretora da Escola de Ensino Fundamental João Paulo II a Sra. Silvia Christiane Lima de Almeida, sendo realizado articulação com esta unidade de ensino visando a parceria no desenvolvimento de ações posteriores com o público infanto-juvenil. Os encontros possibilitaram aos profissionais compartilhar experiências, refletir sobre as práticas cotidianas e comportamentos discriminatórios resultantes da ignorância e de estereótipos racistas, fazendo parte das lutas diárias que buscam colocar pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de equidade no acesso aos serviços, programas e benefícios existentes na assistência social municipal.  

LUCELIA BISPO , LUIZA ROSA SANTANA E NAYHANA CALANDRINE
(CAMPO ALEGRE - ALAGOAS)

  ( Período de execução 22 de agosto a 29 de outubro)       O projeto não preconceito também foi executado com o público infanto juvenil na faixa etária de 11 a 13 anos acompanhados pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV núcleos Sede e Cha da Imbira do município de Campo Alegre/AL.       As atividades tiveram como objetivo conhecer a realidade dos jovens envolvidos, assim como entender a concepção dos mesmos sobre o preconceito e descriminação fazendo uso da exibição de documentários, curtas metragens, rodas de conversa e aplicação de questionários sobre conceitos e como eles se enxergam diante da temática.       Possibilitando assim a reflexão sobre comportamentos e atitudes preconceituosas e racistas , buscando a construção de relações de respeito e afeto mútuo.  

LUCELIA BISPO SOARES E LUIZA ROSA SANTANA
(CAMPO ALEGRE - ALAGOAS)

  Como Assistente Social Coordenadora do NUCRESS URUGUAIANA, visando mobilizar a categoria em nosso município pautando a bandeira de luta do conjunto CFESS/CRESS de combate ao racismo, em parceria com o MNU - MOVIMENTO NEGRO DE URUGUAIANA e o FÓRUM PERMANENTE DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL realizamos durante o ano de 2018 e 2019 duas formações sobre a questão de raça, gênero e preconceito. Na oportunidade em 2018 desenvolvemos um PAINEL sobre o negro no Brasil, com uma retrospectiva histórico-cultural, os efeitos do racismo no âmbito pessoal e social. Contamos com a fala da representatividade negra do município como o NEAB, professores e militantes da questão racial. O evento contou com Assistentes Sociais, graduados e estudantes em Serviço Social, entidades, bem como o público interessado no tema. No ano de 2019, visando dar sequência na mobilização e combate a questão do racismo articulamos uma Roda de Conversa sobre O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS, descolonizando o corpo, o aceitável. Onde as mulheres negras protagonizaram falas pertinentes as suas lutas e batalhas sobre a questão do preconceito, racismo, violência contra a mulher, saúde da mulher negra e inserção da mulher na política. Palestrantes como a coordenadora de catadores e catadoras, socióloga e ativista social étnico racial e gênero, professores da rede pública de ensino, médica, psicóloga e Assistentes Sociais enriqueceram o diálogo. Na oportunidade contamos com o público da comunidade escolar em que foi realizado o evento, no Instituto Paulo Freire na União das vilas, famílias usuárias do CRAS e profissionais da saúde e assistência social. Sem dúvida esses espaços nos trouxeram reflexão acerca da questão do preconceito e racismo existentes em nossa sociedade.  

Priscilla Coronel da Silva
(Uruguaiana/RS)

  Nos meses de Julho e Agosto de 2019 foram realizadas em Campo Alegre/AL oficinas de debates sobre o papel dos profissionais do SUAS e a Questão Étnico Racial com profissionais que compõem os CRAS e do Programa Criança Feliz, através das assistentes sociais Luiza Santana, Lucélia Bispo e Nayhana Calandrine que a partir do Curso de Extensão da Questão Ético Racial ofertado pelo CRESS Alagoas idealizaram ações no município. O objetivo das oficinas foi a promoção de discussões sobre o racismo institucional possibilitando a análise da questão étnico racial na atuação profissional dentro do âmbito do SUAS, sensibilizando os profissionais em busca de oferecer aos usuários que procuram os serviços na Proteção Básica do SUAS um atendimento cada vez mais qualificado, respeitando as diferenças. No primeiro momento além da presença dos profissionais que integram as equipes do CRAS sede e Luziapolis, visitadoras do Programa Criança Feliz da sede e contamos com a presença da Diretora da Escola de Ensino Fundamental João Paulo II a Sra. Silvia Christiane Lima de Almeida, sendo realizado articulação com esta unidade de ensino visando a parceria no desenvolvimento de ações posteriores com o público infanto-juvenil. Os encontros possibilitaram aos profissionais compartilhar experiências, refletir sobre as práticas cotidianas e comportamentos discriminatórios resultantes da ignorância e de estereótipos racistas, fazendo parte das lutas diárias que buscam colocar pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de equidade no acesso aos serviços, programas e benefícios existentes na assistência social municipal.  

LUCELIA BISPO , LUIZA ROSA SANTANA E NAYHANA CALANDRINE
(CAMPO ALEGRE - ALAGOAS)

  Como mulher, negra e moradora de periferia, considero que tardiamente tomei consciência sobre a dimensão do racismo. Infelizmente nos idos de 2000 os debates sobre o racismo e suas implicações no cotidiano das pessoas e instituições eram restritos e invisibilizados. Com isto, destaco a relevância de o conjunto manter a pauta como permanente. Tornar-se negra é um processo que exige ação coletiva e apoio permanente. Desta maneira, dado que passei por situações sutis de racismo que geraram em mim situações de sofrimento, e ainda apoiada pela ação do conjunto CFESS-CRESS, que trouxe a pauta as bandeiras de luta da categoria, passei a realizar ações de Educação em saúde, tendo como tema o racismo, em minhas atividades institucionais. Destaco aqui as intervenções no grupo de família do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas do município de Sobral-CE , durante as ações do dia Nacional da consciência negra de 2018. A atividade consistiu em uma roda de conversa sobre o racismo estrutural, junto aos familiares de usuários do CAPS AD. Para a qual utilizamos músicas, imagens de situações de racismo, a lei antirracismo como fundamento legal. Durante a atividade tivemos declarações em que os sujeitos identificaram situações de racismo e sofrimento decorridos por situações de racismo (individual e/ou institucional). Está atividade foi compartilhada com a equipe de saúde local, na busca de construir espaços de debate sobre a questão do racismo. Foi apresentada também às turmas de Residentes de Saúde Mental e de Saúde da Família, ocasião em que também debatemos a cerca da necessidade de dar continuidade a ações que tratem sobre o tema. Desta maneira, acreditamos que os profissionais de Serviço Social, possuem espaços potentes para gerar reflexões sobre a pauta que implica o racismo, para nossos usuários bem como para os parceiros de trabalho. E a partir de então processos de transformações. Precisamos para tanto, ampliar nosso repertório teórico-metodológico e ter coragem de romper os preconceitos com competência tecnico-operativa. Este é um debate cada dia mais urgente. Está atividade foi realizada com o apoio da Assistente Social Heliandra Linhares (gestora do CAPS AD de Sobral) e Wigna de Souza. No período eu fazia parte da quarta turma de Residência em Saúde Mental.  

Gicelia Almeida da Silva
(Fortaleza/CE )

  O Cras Conviver de Capivari-SP, cidade do interior ,juntamente com a Secretaria de Desenvolvimento Social participou da campanha Assistente Sociais no Combate ao Racismo.As ações foram desenvolvidas nos grupos de SCFV, através de roda de conversa e debates ,depoimentos, valorização da cultura afro Brasileira ,oficinas realizada em grupo confecção boneca africana Abayoni. E para finalizar foi realizado o Fórum Assistente Social no Combate ao Racismo onde convidamos os profissionais da Educação ,saúde,Creas,e outros para discutirmos e reafirmar nossa luta e compromisso na efetivação na garantia de direitos no combate ao racismo.  

Leticia Boaventura
(CAPIVARI-SP)

  Desde do inicio do meu trabalho como técnica de referência do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos -SCFV realizado no Centro de Referência de Assistência Social - CRAS Operário situado no município de Colatina em 2018 onde venho realizando o trabalho com dois grupos de crianças e adolescentes juntamente com os Educadores Sociais e buscamos trabalhar a temática da Igualdade Racial e do racismo. Durante os encontros semanais já realizamos o Jogo do Privilégios, a confecção das Bonecas Abayomis, discussão sobre o lápis "cor de pele", além disso discutimos com os adolescentes o uso de termos e palavras de cunho racistas que deveriam ser abolidos do nosso vocabulário e já confeccionamos uma espécie de jogo "cara a cara" apenas com personalidades negras. Nesses encontros também surgem diversas oportunidades e questionamentos sobre o tema. A maioria das crianças que participam dos grupos, são crianças negras e percebemos que essa atividades tem levado a uma reflexão sobre as suas realidades.  

Juniele Silva dos Santos
(Colatina/ES)

  Foi realizado Oficinas Artísticas Coletivas Socioeducativas com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto no território do Campo Limpo zona sul de São Paulo. No decorrer do processo um adolescente participante da Oficina Socioeducativa foi assassinado pela Política Militar, esse episódio mobilizou não apenas a equipe técnica, mas os outros adolescentes e jovens. A profissional que acompanhava o grupo provocou uma discussão sobre Violência do Estado/ Violência Policial, após a mesma, sugeriu que fosse escrito coletivamente o nome do falecido na parede do SMSE, onde já tinha sido construído um desenho com favelas, representando o território do Campo Limpo, no entanto, essa atividade não foi suficiente para responder as necessidades do grupo.Ao longo da atividade e também em outros momentos/dias, os adolescentes e jovens sentiram a necessidade de escreverem seus nomes, ampliando inclusive os que já estão sinalizados acima na foto, pois compreenderam que poderiam ser os próximos a serem mortos ou presos. Afirmaram, ainda, que as casas representavam sua “quebrada” e o prédios é onde os “playboy” vivem. Como essa temática causou muita angústia, ampliando a necessidade de discussão e construção de novas formas de resistência, principalmente quando um adolescente (que estava acompanhando no dia da violência policial o educando que faleceu, sofrendo inclusive a mesma, no entanto, conseguiu ser levado para o hospital para ser cuidado) começou a participar da atividade grupal. Ele ficou muito impactado, sentindo a necessidade de relatar para todos os participantes antigos e os novos que entravam o ocorrido e como por um “milagre” ele não tinha morrido junto do amigo. Como nova forma de resistência o grupo deliberou que para transformar o sofrimento e o verbo “luto” em “luta” seria necessário construir um mural em memória a morte do educando que foi assassinado, uma vez que ele faz parte da histórica de construção do grupo.Além disso, compreenderam que tem uma questão de identidade, uma vez que também vivenciam constantemente a violência policial, encarceramento em massa e o genocídio da população jovem, negra, periférica e indígena.  

Geiciane Soares da Rocha
(São Paulo / SP)

  O Grupo de Estudo das Relações Étnico-raciais no Serviço Social (GERESS) nasceu há 10 anos, em 2009, na cidade de São Paulo (SP). Surgiu a partir da necessidade de estruturar e construir no interior da categoria profissional pautas antirracistas que fomentassem o diálogo entre o projeto ético-político-profissional, a formação e a pauta de luta do movimento social negro. Em maio/2019, em comemoração aos 10 anos do grupo, aconteceu uma roda de conversa com o tema: “Racismo Institucional: reconhecimento e impactos no trabalho da (o)s assistentes sociais”, com a participação da Dra. Clélia Prestes, psicóloga do Instituto Amma Psique e Negritude e Dr. Daniel Teixeira, advogado do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). A escolha do tema se deu em função da constatação do quanto o racismo institucional vem afetando a saúde mental da/os profissionais. O evento incluiu a exposição “Mulheres em Luta: Força e Pluralidade”, da fotógrafa Elisabete Maria Carlos Fitzgerard Furuya (Bete Nagô), com a curadoria da assistente social Cintia Neli, contou com a presença de membros do Comitê da Campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”, do CRESS-SP. O resultado da atividade foi bastante positivo em função da marcante presença de profissionais, algo novo para o grupo, a continuidade da participação de estudantes, o que demonstra o quão necessária e atual é a discussão racial e, por fim, o debate enriquecido por falas reveladoras da percepção do racismo estrutural e institucional presente nos espaços sócio-ocupacionais.  

Grupo de Estudo das Relações Étnico-raciais no Serviço Social (GERESS)
(São Paulo (SP))

  Grupo de famílias - Serviço de Medida Socioeducativa Vila Sônia, março 2019. Aconteceu no sábado, 16 de março, o grupo com as famílias e adolescentes no Serviço de Medida Socioeducativa Vila Sônia, na ocasião estavam presentes, além das famílias de alguns dos adolescentes atendidos, representantes do CREAS Butantã e estudantes de serviço social, comunidade dos bairro adjacentes. A temática debatida no encontro foi relacionada a violência policial que ocorre em todo o Brasil, onde a polícia mata milhares de jovens negros e periféricos e que, na maioria das vezes, o resultado é o arquivamento dos casos. O debate aconteceu em cima do filme Auto de Resistência (Brasil, 2018), que mostra a situação de mães cariocas que perderam seus filhos para a violência que acontece rotineiramente nas favelas do Rio de Janeiro e que tem sido algo cada vez mais comum na cidade. O filme foi sugerido pelo assistente social Ricardo que convidou a representante militante do movimento Mães de Maio Fran e Debora, para conversa sobre o tema, elas que atuam por todo Brasil em busca de justiça pelas mortes de jovens periféricos desde maio de 2006. O documentário - Auto da Resistência, foi produzido com a intenção de nos mostrar o quão grande é a luta das famílias e enfrentamentos para obter justiça diante dos casos de assassinatos cometidos pela polícia. O documentário relata que 98% dos inquéritos foram arquivados, e com isso percebe-se como nossa justiça é falha e extremamente racista. Conforme o artigo 5º artigo da Constituição Federal 1988 (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...). pode-se então concluir que, a polícia ao assassinar a população negra, não respeita artigos da CF88, assim violando os Direitos Humanos. No momento em que foi aberto o debate para adolescentes e famílias, foi perceptível o quão perplexo ficaram com os números e desfechos dos casos trazidos pelo documentário. Alguns usuários do serviço trouxeram suas próprias vivências, fazendo com que assim os exemplos ficassem cada vez mais nítido. A reunião provocou a reflexão de cada pessoa que estava ali presente, mostrando a indignação das famílias, racismo, violência na quebrada, trazendo relatos de pessoas que já vivenciaram situações parecidas do que foi mostrado no filme, provando que a violência policial está presente nas periferias de todas as cidades do Brasil, mostrando o preconceito enraizado que a instituição executa. Outro ponto que causou discussão no debate foi a forma com que os advogados defensores dos policiais acusados se posicionam diante das situações postas no filme e também por saber que a maioria dos responsáveis pelas mortes de jovens negros periféricos ficam impunes, continuam trabalhando normalmente e possivelmente fazendo outras vítimas. Com isso, vemos a importância de fazer o debate para as famílias que, muitas vezes, são injustiçadas por conta da violência policial no local onde moram e são coagidas a assistir tudo isso calados, tendo os seus direitos mais básicos negados por aqueles que, supostamente, deveriam proteger a sociedade. Outro ponto bastante importante para reflexão é a questão do combate ao racismo que deve ser um trabalho social feito por todos, sempre alertando a sociedade das diferentes formas de racismo que são praticadas no dia-a-dia e que estão culturalmente enraizadas na sociedade como racismo institucional, violência policial e ataque movimentos sociais.  

RICARDO VOS (VIEIRA DE OLIVEIRA SANTOS)
(SÃO PAULO / CAPITAL)

  A ação visou a discussão da temática da relações étnico-raciais na educação. O público-alvo principal foram estudantes normalistas, mas professores da rede estadual também participaram. A atividade contou, em primeiro momento com uma palestra discutindo o tema, após, foram feitas oficinas e por ultimo um debate com o coletivo de alunos negros do Instituto Federal de Educação do Rio de Janeiro, campus Pinheiral. Ocorreu no dia 06 de novembro de 2019, no Colégio Estadual Rondônia, em Volta Redonda. Essa foi uma parceria entre o Comitê Étnico Racial da Regional Médio Paraíba - Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, do qual faço parte e o NEABI Núcleo Estudos Afro-Brasileiro e Indígena do IFRJ Campus Pinheiral.  

Eliana Carmem da Silva
(Volta Redonda)

  A ação visou a discussão das relações étnico-raciais na educação. O público-alvo principal da ação foram as estudantes do curso normal, porém, tivemos a presença de professores da rede estadual de educação. A atividade contou em primeiro tempo com a discussão sobre o tema com especialista, seguido de oficinas de práticas pedagógicas e por fim um bate papo com alunos do Coletivo Negro do Instituto Federal de Educação do Rio de Janeiro, campus Pinheiral -RJ. A ação contou se realizou no dia 06 de novembro de 2019, sob parceira do Comitê Étnico Racial da Regional Médio Paraíba - Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, do qual faço parte e o IFRJ Campus Pinheiral.  

Eliana Carmem da Silva
(Volta Redonda/Rio de Janeiro)

  Sou assistente social do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) do município de Maracanaú/Ceará. No ano de 2015 iniciamos o desenvolvimento de um projeto que chamamos de CINE CREAS, através do qual em datas relevantes para o trabalho do CREAS, exibíamos um curta (filme) e convidávamos um profissional externo com conhecimento e destaque no trabalho com a temática que seria trabalhada para facilitar uma discussão sobre o tema proposto. No mês de novembro o tema foi: Igualdade Racial, através do qual iniciamos uma série de discussões sobre o enfrentamento/combate ao racismo. O público alvo deste encontro inicial foram os/as profissionais da rede socioassistencial do município em tela. O Cine Creas contribuiu ricamente para uma série de reflexões sobre temáticas relevantes e caras à nossa profissão, como o enfrentamento à homofobia, à violência doméstica, ao abuso sexual de crianças e adolescentes, entre outras. O projeto referido aconteceu de forma sistemática durante os anos 2015-2017; depois disso aconteceu com periodiocidade menor.  

VERÔNICA FURTADO MONTEIRO
(MARACANAÚ/CEARÁ)

  Racismo e Saúde Mental A atividade foi desenvolvida como parte do Projeto de Intervenção, que como Assistente Social residente em Saúde Mental desenvolvi no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do tipo 3, na cidade de João Pessoa. A atividade consistiu em uma roda de conversa sobre o que é o Racismo e os impactos na saúde mental e contou com a participação da Psicóloga e Enfermeiro, também residentes. A roda de conversa teve início com a corrida dos privilégios que consistia que a cada resposta os/as participantes tinham avançar um passo, caso não tivesse sofrido situações de racismo em diversas situações e fases da vida. A atividade ocorreu em setembro de 2019 e teve boa adesão por parte dos/as usuários/as do CAPS, como também pelos funcionários do serviço.  

Elisabete Vitorino Vieira
(João Pessoa/PB)

  Este ano tive a oportunidade de ser convida para participar do projeto sobre o mês da Consciência Negra em 2 unidades escolas municipais do Estado do Rio de Janeiro, na cidade de Itaboraí sendo que em uma dessas eu pude colocar em prática meu projeto (meu cabelo, minha identidade) que tem por objetivo a valorização e exaltação da beleza e cultura afro brasileira. Como foi uma unidade escolar do segmento fundamental apresentei a história (BONECAS DA VÓ MARIA) disponível no site do banco do Itaú. Portanto essa história traz a valorização da cultura e exalta a beleza da população negra passado de geração a geração através da sua matriarca. Já na segunda unidade escolar participei de um evento mais amplo denominado (AFROFEST) que foi uma tarde de comemoração ao dia da Consciência Negra, neste evento tive a oportunidade de fazer parte da comissão julgadora do desfile afro FEMININO E MASCULINO além das apresentações e realizações vários trabalhos sobre a cultura afro. É MUITO TRANSFORMADOR E GRATIFICANDO PODER VER NO OLHAR DAS CRIANÇAS PRINCIPALMENTE E DE TODOS OS ATORES ENVOLVIDOS COMO ESSE MOVIMENTO DE COMBATE AO RACISMO SE FAZ NECESSÁRIO. PODEMOS CONCLUIR QUE APÓS ESSE DEBATE EXISTE UM SENTIMENTO DE IDENTIFICAÇÃO E PERTENCIMENTO CULTURA DA AFRO BRASILEIRA.  

Tabatta Silva dos Santos
(Rio de Janeiro )

  Atuo na Subgerência de Formação e Pesquisa (Sufop) do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Estado do Espírito Santo (Iases) e por perceber a necessidade de reflexão sobre a temática, propomos o curso intitulado "A Questão das Relações Étnico-Racial e a Política de Socioeducação" que tem como objetivo geral: Oferecer subsídios para a inclusão e fortalecimento do debate da questão étnico-racial contribuindo para uma formação profissional antirracista, reconhecendo o significado sociohistórico do debate e sua estreita relação com a política de socioeducação. O curso tem uma carga horária de 40h e tem a participação de 50 servidores do Iases, sendo eles: agentes socioeducativos, assistentes sociais, pedagogos, psicólogos, assistentes jurídicos e gestores. Os objetivos específicos são: Evidenciar a necessidade sociohistórica do debate da questão étnico-racial, com vista a impulsionar a criação de análise crítica sobre a seletividade do público da política de socioeducação; Direcionar a formação permanente dos profissionais da política de socioeducação, articulando trabalho e formação; Estimular a produção de conhecimento sobre o fazer profissional na socioeducação e sua relação com o debate étnico-racial; Contribuir para que os servidores tenham uma visão ampla de seu papel no combate ao racismo e na violência institucional; Evidenciar o processo de segregação, encarceramento e extermínio da juventude negra e pensar estratégias e ações integradas de superação desta realidade; Estimular a promoção de ações afirmativas para os sujeitos da política de socioeducação; Promover a humanização do atendimento aos adolescentes e jovens em cumprimento e/ou egressos de medidas socioeducativas. Os conteúdos abordados são: Emergência da noção de raça, etnia, identidade e racismo); A construção histórica das “Classes Perigosas”: operacionalizando o racismo desde a diáspora africana; A articulação entre o racismo e as outras opressões (Interseccionalidade); África: a história não contada; O Racismo e suas manifestações na sociedade brasileira na contemporaneidade (racismo estrutural, institucional, recreativo, religioso, etc.); Biopolítica e Necropolítica; Estatuto da Igualdade Racial Políticas Públicas, canais de denúncia e Ações Afirmativas; A relação entre o Racismo e o Sistema Econômico; Espaços Urbanos, Racismo e Conflitos Territoriais (Desigualdades e Relações Étnico-Raciais); A Política de Segurança Pública e o Racismo; A questão étnico-racial e a política de socioeducação. Os professores convidados são: pesquisadores, docentes de Universidades, conselheiros de direitos e de conselhos profissionais, gestores de políticas públicas e servidores das políticas públicas setoriais. Os servidores tem apresentado uma avaliação muito positiva do curso, segue abaixo algumas delas: *Renata Lopes Pinto Ribeiro - “Foi uma formação para a vida e também um dos debates mais ricos que já participei no Iases. A qualidade dos professores, os exemplos e as dinâmicas experimentados junto com os colegas nos permitem enriquecer as práticas da socioeducação”. *Miriam Barbosa - “A escolha dos professores para ministrar as aulas foi de fundamental importância para o enriquecimento do debate, não apenas pelo domínio do assunto, mas pela experiência pessoal de cada um”. *Andressa Veloso – “Um curso histórico. Uma aula histórica!”. *Augusto Gomes – “Estou muito feliz em poder adquirir conhecimento com vocês. Curso intenso, reflexivo e desafiador. Turma maravilhosa!”. *Esdras Roberta – “Que aula! Conhecimento, intensidade e contexto! Que tenhamos mais com o mesmo nível histórico e pedagógico. Esperamos que este contribua para a eliminação do racismo no sistema socioeducativo e nos impulsione na promoção dos direitos humanos dos adolescentes e jovens sujeitos desta política e suas famílias.  

POLLYANNA LABETA IACK
(VITÓRIA/ESPÍRITO SANTO)

  Sou assistente social da Unidade de Internação Feminina do estado de Alagoas onde acompanhamos adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. Na unidade, fomentamos cotidianamente, através dos atendimentos sistemáticos e assistemáticos e dos projetos desenvolvidos na UIF (GAROTA FLORESCER; BANDA DE PERCUSSÃO AFRODARA; ARTE, AMOR E SABOR; Coco de roda Odara) as descobertas de suas origens, empoderamento cultural, social, reconhecimento enquanto detentoras de direitos, sendo importante destacar que o público atendido é em sua maioria de adolescentes negras, oriundas dos bairros periféricos. No que se refere ao combate ao racismo, a temática vem sendo discutida ao longo da existência da UIF a partir da Banda de percussão AFRODARA que faz elas se reconhecerem como negras, não apenas pela cor, mas pela questão histórico cultural, através das aulas, rodas de conversa, aulas de campo a Serra da Barriga e apresentações da banda no dia da consciência Negra. Após participação no Curso de Extensão do CRESS/AL, com a construção de um projeto de intervenção com essa discussão, estamos realizando novas atividades com as adolescentes, trazendo as biografias de negros de destaques na sociedade de uma forma geral mostrando que o negro era e ainda é marginalizado, buscando despertar nelas o interesse em serem multiplicadoras de ações de combate ao racismo além de reconhecerem suas ancestralidades para que possam verdadeiramente e firmemente não serem vítimas de situações de preconceitos étnico-raciais, tampouco, praticantes.  

Luise Lima Fonseca dos Santos
(Maceió)

  Realizamos, nos dias 27, 28 e 29 de maio, a VIII Semana de Serviço Social da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande). O conteúdo dos debates (palestras e mesas redondas) girou em torno do tema "Assistentes Sociais no Combate ao Racismo". Destaque para a mesa realizada com esse tema, em que contou com a participação das professoras doutoras Zelma Madeira (Universidade Estadual do Ceará) e Zuleide Queiroz (Universidade Regional do Cariri). O evento oportunizou reflexões e reafirmação do posicionamento ético contra o racismo em nossa sociedade.  

ANDRÉ DE MENEZES GONÇALVES
(SOUSA-PB)

  No dia 15 de maio de 2019, foi realizado o Seminário em comemoração ao Dia do/a Assistente Social, tendo como temas centrais os seguintes: "assistentes sociais contra o racismo: se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro" e “as atribuições e competências do/a assistente social”. Este evento foi organizado pela câmara técnica formada pelos assistentes sociais da secretaria do trabalho e assistência social (Setas), que nos apoiou em tudo, em parceria com a Prefeitura Municipal de Ibiapina. O evento foi realizado na Câmara dos Vereadores de Ibiapina, teve como público-alvo todos os assistentes sociais do município e estudantes de Serviço Social das faculdades da região norte, além da rede socioassistencial do município. Foi um momento importantíssimo para dialogarmos com a categoria sobre esse tema tão relevante e tão necessário para o nosso cotidiano. O conteúdo exposto foi baseado nos materiais disponibilizado por esta plataforma, além de materiais disponibilizado pelo CFESS-CRESS.  

GLADSTON FERREIRA DA SILVA
(IBIAPINA/CE)

  Este relato se trata de um projeto de intervenção realizado pelas residentes de Serviço Social do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (ES), no Dia do/a Assistente Social, para falar da história da profissão, as pautas que defendemos e debater sobre a campanha do triênio (Assistentes Sociais no Combate ao Racismo). Usamos como base a árvore criada por Arthur Bispo do Rosário, apresentada na edição de 2011 do Código de Ética do Serviço Social. Trabalhamos com palavras que expressam as lutas da profissão e que pudessem gerar um debate de total compreensão aos/às usuários/usuárias do SUS que acessam a instituição na qual estamos inseridas. A equipe de residentes em Serviço Social realizou a atividade nos quartos dos/das usuários internados, inicialmente contando sobre a história da profissão, enfatizando o momento da virada em que assumimos uma defesa à classe trabalhadora (explicando em detalhes o que é esta categoria e refletindo sobre a necessidade de nos reconhecermos como parte dela). A partir disso, entregamos palavras aos/às usuários/usuárias para apresentarem suas próprias concepções sobre os temas que queríamos debater, os quais giravam em torno do combate ao racismo e qualquer outro tipo de opressão, direitos da classe trabalhadora e o compromisso do Serviço Social com os/as usuários/usuárias. Em todos os quartos os debates foram incríveis e a maioria dos/das usuários/usuárias participantes passaram a se apropriar do termo classe trabalhadora e, ao falar sobre o racismo, os/as usuários/usuárias negros e negras se posicionavam, contando suas experiências cotidianas, reforçando, direta e indiretamente, o racismo estrutural que atravessa a sociedade.  

KARINA MENDES VICENTE RAMOS
(CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - ES)

  A experiência abaixo mencionada ocorreu no Centro de Referência para pessoas em Situação de Rua - Centro Pop de Natal (RN). Trata-se de um projeto de intervenção de estágio supervisionado II do curso de Serviço Social da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) denominado "PERGUNTAR A COR NÃO OFENDE": A IMPORTÂNCIA DO DEBATE ÉTNICO-RACIAL DO TRABALHO PROFISSIONAL JUNTO A POPULAÇÃO DE RUA" do estudante Luis Inácio da S. Medeiros, sob a supervisão da assistente social Luciane de Cássia Souza. Realizado entre fevereiro e maio de 2019, o projeto consistiu em 3 (três) atividades: 1º - A inclusão do quesito raça/cor nos prontuários elaborados para admissão de usuários novos no serviço; 2º - Roda de Conversa facilitada pelo assistente social João Paulo Diogo com a equipe multidisciplinar sobre a importância da coleta de dados sobre raça/cor na politica da assistência social; 3º - Roda de Conversa com os usuários do serviço, onde foi exibido um vídeo ilustrando os dados sobre as desigualdades entre negros e brancos no Brasil, em que provocamos os participantes para falar sobre preconceito racial e discriminações presenciado e/ou vivenciados. Nessas ações, percebemos que há dificuldade entre os trabalhadores (usuários e equipe multidisciplinar) de se auto-reconhecer enquanto negros e negras. Segundo a nossa avaliação isso ocorre devido a associação negativa que a construção cultural impõe sobre a cor negra. Ex.: "Serviço de preto" (sinônimo de Incompetência), "Branco correndo na rua está atrasado, preto correndo na rua é ladrão" (associado a crime); Avaliamos também que o forte caráter do racismo institucional que marca a política de assistência social com o desfinanciamento e a precarização das condições de trabalho haja vista seu público-alvo serem as pessoas pobres majoritariamente negras.  

Luciane de Cássia Souza
(Natal-RN)

  Essa foi uma palestra ministrada para um grupo de Jovens do município da cidade de Senhora dos Remédios, Estado de Minas Gerais, que fazem parte do Parlamento Jovem. Eles estão trabalhando, durante esse ano, o tema' Discriminação Étnico-Racial' e eu' Assistente Social do CRAS' fui convidada para falar sobre o subtema 1 - Desigualdade socioeconômica. Estavam presentes cerca de 30 jovens e adolescentes.  

SIMONY DOS REMÉDIOS DORNELAS SANTOS
(SENHORA DOS REMÉDIOS MG)

  Este relato se trata de um projeto de intervenção, realizado no campo de estágio, no programa Rito/Jovem aprendiz do Centro Cultural Escrava Anastácia em Florianópolis – SC. A realização do projeto de intervenção é atividade obrigatória no curso de Serviço Social da UFSC, e posteriormente foi delimitado como objeto de análise do meu TCC sob orientação da Drª Carla Rasane Bressan. O projeto de intervenção abordou a questão do racismo e da discriminação étnico-racial e os desdobramentos no cotidiano dos jovens, principalmente no acesso aos seus direitos básicos. Visou a trabalhar o fortalecimento da autoestima da juventude das comunidades empobrecidas da Grande Florianópolis; facilitar a compreensão e a reflexão sobre o tema questão racial e seus desdobramentos; fomentar a discussão e participação dos jovens em diferentes espaços (conselhos, coletivos, etc.); informar sobre Leis relativas as ações afirmativas. Foram realizadas quatro oficinas, nos dias 24 e 25 de maio de 2016, nos períodos matutinos e vespertino, com 82 jovens de ambos os sexos, entre 14 e 22 anos. Nas oficinas utilizou-se de materiais audiovisuais, explanação da temática, roda de conversa e material informativo, além de trabalhos em grupos com elaboração de cartazes, apresentação dos mesmos e avaliação da temática trabalhada com a presença do Coletivo de alunas/os negras/os da UFSC (Coletivo Kurima). A experiência permitiu apreender a percepção dos jovens quanto ao seu pertencimento étnico racial, demonstrou a falta do debate do tema nas diferentes instituições e espaços de socialização, sendo alguns dos exemplos o trabalho, a comunidade e a escola.  

Sandra Santos Costa
(Florianópolis - SC)

  Este trabalho se trata de uma ação realizada pelo CRAS do município de Ibiam-SC, em conjunto com a Secretaria de Educação, para a realização de uma palestra sobre o Bullying, direcionada aos pais dos alunos das escolas Eliziane Titon, E.E.B. Heriberto Hulse e CEI José Atílio Grassi no dia da Família na Escola (06/04/2019). Na oportunidade, além de trabalhar o bullying, suas implicações e a participação da família para combater esse tipo de violência, também abordamos a diferença entre Bullying e racismo, sendo essa uma “confusão” muito comum quando se aborda essa temática. A mensagem final foi de que Bullying é uma forma de violência, sendo necessário uma abordagem ampla, que envolva o corpo escolar, a família, o agredido e os agressores, além de assistência psicológica e jurídica visando promover uma mudança social conforme a Lei nº 13.185 de 2016 que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), já o Racismo é crime, conforme a Lei 7.716 de 1989 e deverá ser encaminhado às providencias cabíveis. Dessa forma, foi esclarecido a diferença entre Bullying e Racismo, que uma mesma criança pode sofrer a violência de Bullying e o crime de Racismo. Apontamos também que, na infância o racismo é sinônimo de maus tratos, desumanidade e crueldade, que precisa ser combatido em todos os âmbitos, sendo a família e a escola espaços privilegiados para combater e educar nossas crianças e famílias sobre o tema.  

Sandra Santos Costa
(Ibiam - SC)

  Sou assistente social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), instituição que traz em sua política institucional os núcleos de estudos afro-brasileiros e indígenas (Neabi) e núcleo de estudos sobre gênero e diversidade (Neged). Atuando nos dois núcleos, desenvolvemos diversas ações, dentre elas: campanha de valorização da beleza de adolescentes negras, através de exposição de fotografias de estudantes negras nas redes sociais da instituição; semana da consciência negra com debate sobre África com professores de Moçambique que fizeram intercâmbio no campus; semana da diversidade, com oficinas de percussão, dança e turbantes; visita a quilombo de cidade circunvizinha; palestra de representante de rede de mulheres negras do estado; debate sobre a presença do negro nos quadrinhos. Semestralmente, organizamos um calendário de ações para que a questão racial seja trabalhada sistematicamente no campus.  

LAURA FABIANA DA SILVA CALIENTO
(SÃO JOSÉ DA COROA GRANDE-PE)

  Em 2016, eu trabalhava como assistente social em um projeto social da Rede Salesiana em Niterói-RJ, e anualmente havia uma festividade de comemoração do dia da consciência negra. Contudo, adolescentes meninos, em sua maioria negros, praticamente não gostavam de participar das atividades propostas no evento. E após, diversas dinâmicas em grupo com a equipe de Serviço Social, sobre a política de segurança pública e a questão racial, elaboramos coletivamente uma apresentação para a comemoração. Nove adolescentes participaram da apresentação, que foi dividida em dois momentos. No primeiro, um dos adolescentes compôs um rap (letra abaixo) e cantou durante a apresentação, e os demais encenaram a música. Após, todos eles dançaram o funk “De ladin” do Dream Team do Passinho” e ao longo da coreografia eles foram mostrando os cartazes que confeccionaram, sobre figuras públicas negras e chamadas de reportagem com pessoas negras. Finalizaram a apresentação com a frase: “lute negro”. A atividade teve como objetivo refletir sobre suas vidas, enquanto jovens negros e moradores de favela, fortalecendo a resistência coletiva através da cultura, potencializada no rap e no funk. Com vocês, o “Som da Liberdade”, confeccionado por um adolescente negro de 15 anos de idade. Atualmente, este adolescente se apresenta em diversas rodas culturais e batalhas de rap da cidade, “É mais um negro crescendo e mais uns cinco morrendo. É isso que no Brasil está acontecendo, mas assim eu tento mudar a realidade de pouco em pouco mudando a nossa cidade. E agora eu te mostro, o que é rap de verdade e sigo na humildade. Vem comigo e muda esse é o som da liberdade, porque o negro merece seu lugar na sociedade. Chega mais e deixa eu te explicar, porque a sociedade quer nos calar. Porque eu não fico de vadiagem entretanto, tem policial que fica de pilantragem. E eu to cansado disso e eles pensam que isso me engana porque é ruim demais ver alguém de preto te seguindo quando você entra na “americanas”. É algo completamente horrível e você acha que está tudo bem, mas é repugnante quando te tratam como um ninguém. Vem comigo e muda esse é o som da liberdade porque o negro merece seu lugar na sociedade. Acaba o beat e eu falo essa é para todos os negros que morreram e eu falo que foi sofrido. Mas não é porque eu sou negro que quer dizer que eu sou bandido.” (H.G.B.A, 15 anos)  

Ionara dos Santos Fernandes
(Niterói-RJ)

  Cheguei há poucos meses na cidade de Astolfo Dutra- MG como concursada. Como havia realizado uma pós- graduação, a qual levantei a temática do racismo institucional tão presente em nossas instituições e passado por 4 anos trabalhando no Sistema Único de Saúde, me trouxe uma inquietação e desejo de mudanças dessa prática perversa. Assim que entrei em meu local de trabalho, fiz mudanças em minha sala para afirmar a todos que fossem atendidos que ali seria um lugar de Direitos a todos sem discriminação e livre de todo e qualquer preconceito raça/etnia, de religião, de gênero, de orientação sexual, de classe. Não podemos nos silenciar, precisamos combater, eliminar o racismo.  

Cintia Cristina Bonsanto Rodrigues Ramos
(Astolfo Dutra-MG)

  Em 2017, fomos convocadas para compor a Comissão de Avaliação de Fenótipo do Certame para o provimento de cargos vagos de escreventes técnico judiciário do Concurso do Tribunal de Justiça de São Paulo, que previu, pela primeira vez, reserva de vagas para aos negros. A Comissão de Avaliação foi composta por um Juiz, um Médico e um Assistente Social, do quadro do Tribunal de Justiça. São amplamente conhecidas as fraudes que ocorrem no uso indevidos das ações afirmativas. Era isso que o TJSP queria evitar. Deliberamos que era necessário fazer um acolhimento ao candidato, com perguntas básicas para promoção da interação e ambientá-lo, ainda que minimamente, no espaço do Tribunal de Justiça. Participaram da etapa mais de 700 candidatos, mas nem todos eram pretos ou pardos de acordo com os critérios do IBGE utilizados para o enquadramento nas ações afirmativas. Na breve entrevista com os candidatos, emergiram expressões da questão social ligadas ao racismo, à desigualdade, a miséria, a moradia em bairros periféricos e os dissabores oriundos de uma sociedade racista que fez da cor da pele um marco para a exclusão social. Destacamos: • A participação de pessoas de diversas partes do país, candidatos do Amazonas, de Sergipe, de Minas Gerais, do Paraná, dentre outros. Essa falta de perspectiva para o trabalho também denuncia a complexa realidade de seu local de moradia atravessada pelo racismo; • Observamos que, apesar de se tratar de um cargo que prevê ensino médio a maioria dos candidatos que se autodeclarou preto ou pardo, muitos candidatos possuíam formação em Direito e Engenharia, pela Universidade de São Paulo - Largo São Francisco, pela PUC de Campinas, pela PUC de São Paulo, e por Universidades Federais, além de pessoas com pós-graduação strictu sensu em andamento, alijadas do mercado de trabalho pela cor de sua pele, o fenótipo torna certos espaços de trabalho inacessíveis, por mais qualificado que se possa ser; Desta feita, a avalição de fenótipo nos coloca em contato com a realidade dos sujeitos inscritos nesta condição. A permanência literalmente em frente a esse sujeito, com bases teórico-metodológicas do Serviço Social nos possibilita apreender muita mais que o tom da pele e os caracteres aparentes, mas sim nos permite fazer mediações sócio-históricas que caracterizam a singularidade dos indivíduos atravessados pela questão racial.  

Thais Felipe Silva dos Santos
(São Paulo-SP)

  No dia 13/12/2018 o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município de Guará realizou a ação comunitária sobre o dia da Consciência Negra. Nos últimos tempos temos buscado alargar a perspectiva de atuação sobre a Assistência Social, incorporando elementos que intensificam ou contribuem para gerar situações de desproteções - como é o caso do racismo. Por muito tempo a Assistência Social foi (e até hoje ainda é em algumas situações) concebida apenas enquanto provisão material/benefícios, desconsiderando a potencialidade de se trabalhar questões que interpelam a vida cotidiana da população usuária como o racismo, machismo, LGBTfobia, discriminações devido a questão de classe, xenofobia, etc. Pelo fato da população negra se encontrar entre os maiores índices relacionados à falta de renda, piores condições de trabalho, o não acesso à educação, por também liderar o ranking de vítimas de violência - seja através de jovens negros assassinados violentamente; mulheres negras nas diversas situações de violência, feminicídio, etc, é tarefa de qualquer política pública compromissada com a vida humana, enfrentar essa situação. Nesse sentido, por ainda existir um abismo social imensurável para a população negra e esta se encontrar entre os piores indicadores sociais, se torna uma tarefa urgente da Assistência Social também contribuir no combate ao racismo. Exemplo dessa necessidade, é o fato do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) ter lançado uma campanha em Dezembro de 2017 intitulada "SUAS contra o racismo", por entender que a população que mais chega para a Assistência Social é a negra e que os/as profissionais precisam ter esse olhar cuidadoso de combate ao racismo. Nesse sentido, além das ações desenvolvidas ao longo do ano no grupo das famílias atendidas pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) que foram debatidas questões que faziam a reflexão étnico-racial, foi desenvolvida a Ação Comunitária para demarcar a importância do dia da Consciência Negra e a necessidade da discussão acerca desta temática racial.  

Tales Willyan Fornazier Moreira
(Guará-SP)

  Uma das ações ocorridas na Campanha Assistentes Sociais em Combate ao Racismo em parceria com o NUCRESS Diadema (com Ricardo Vos e Luciene Santana) e o Núcleo de Apoio ao Estudante da UNIFESP Campus Diadema foi o CINE-DEBATE promovido em 2018 com a exibição de três curta-metragens: Dogo - uma história de exílio produzido por Marie Ange; Ana - dirigido por Vitória Felipe; e, Caixa D'Água - dirigido por Thais Scabio, presente do dia para roda de conversa e demais convidadas. O intuito foi suscitar a discussão sobre questões étnico-raciais e o combate ao racismo através da arte e das sensações e emoções percebidas pelos espectadores, sempre em rodas de conversas com facilitadoras a fim de compartilhar experiências e possibilidades de atuação tanto para profissionais e estudantes da universidade e do município em geral quanto para fomentar coletivos, indivíduos e instituições no combate ao racismo. Compreendemos que estes espaços fortalecem as pessoas e cria um ambiente acolhedor, onde os agentes tem autonomia e espaço de fala para se expressar e assim se fortalecerem. Outras ações como rodas de conversa e seminários dentro da campanha foram realizados no espaço universitário, contribuindo ainda mais para as discussões sobre o racismo e aproximando a comunidade e a universidade.  

Veronica Carolina da Silva Janini
(Diadema/SP)

  A Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul (SP) -FAPSS-SCS, anualmente realiza atividades extra curriculares, entre elas simpósios e semana acadêmica. Em 2018, o Simpósio ocorreu no dia 01 de outubro e teve como tema "Os 30 anos da Constituição de 1988 e os desafios nas lutas contemporâneas: a questão étnicorracial e a diversidade sexual". O objetivo foi debater as conquistas no campo etnicorracial e da diversidade sexual à luz da Constituição Federal de 1988 e os desafios no contexto contemporâneo de regressão de direitos. As convidadas para o debate foram as assistentes sociais Profa. Dra. Marcia Eurico, coordenadora do GTP Gênero, Sexualidade, Raça-etnia e Geração da ABEPSS e Cintia Spindola Luciano, pesquisadora no Projeto Trans. Nacional - parceria entre a Universidade da Califórnia, São Francisco - UCSF e Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de SP e na Pesquisa Divas - coordenado em São Paulo pela FCMSCSP, e Thais Azevedo, militante LGBTI, orientadora socioeducativa no Centro de Referência e Defesa da Diversidade, do município de São Paulo. A semana acadêmica de 2019 teve como tema geral: O Desenvolvimento econômico e o atraso social: os impactos no trabalho profissional. Cada dia um assunto foi abordado, como a reforma da previdência, as desigualdades sociais e o desmonte dos direitos; o suicídio, suas múltiplas causas e os impactos da homofobia e a mesa sobre lutas e resistências, mesa que debateu três temas: O trabalho do assistente social na saúde mental, o trabalho do assistente social junto às crianças e adolescentes e a gestão do CRESS ABCDMRR: Campanha de Combate ao Racismo, comissão de instrução as resoluções. Incluir a temática etnicorracial na grade curricular e nas atividades de extensão é uma prática adotada pela FAPSS-SCS alinhada com as diretrizes curriculares da ABEPSS, com o Projeto Ético Político Profissional e com o movimento de luta antirracista em curso na sociedade brasileira. .  

Suelma Ines de Deus Branco
(São Caetano do Sul (SP))

  Sou assistente social da Universidade Federal de São Paulo - Campus Diadema há 10 anos. Após conclusão de curso de extensão Reflexões sobre Racismo e Saúde Mental promovido pela UNIFESP à seus funcionários em 2017, em especial aqueles que atuam nas questões de permanência e assistência estudantil, finalizamoscom uma proposta de intervenção em cada campus da universidade. No campus onde atuo, foi desenvolvida a atividade "Roda de Conversa sobre Racismo, Afeto e Caminhos da Cura" em parceria com representações sociais e culturais do município, em especial Márcia Damasceno, Lilia Reis e Veronica Vassalo. O intuito da atividade era promover o diálogo e a interação entre a comunidade acadêmica e a cidade, aproximando as lutas e estratégias contra o racismo e fortalecendo negros e negras nestes espaços. Contamos com a exibição de dois curtas-metragens e diálogo com seus diretores - Thiago Fernandes com "Boa Aparência" e Valtinho Rege com "Preto no Branco", sarau e feira de afroempreendedorismo. Realizamos uma roda de conversa entre estudantes negros, contando com a presença de estudantes estrangeiros de países africanos que realizavam a graduação através de um programa específico. Foi possível compartilhar suas trajetórias, experiências e conquistas. A atividade foi bastante enriquecedora para os presentes, potencializadora e fortalecedora enaltecendo a cultura e a potência afro-brasileira. As ações tiveram como objetivo aprofundar o debate sobre as questões étinico-raciais no contexto das ações afirmativas e de permanência estudantil além de colaborar com a superação das situações que envolvem práticas racistas no contexto universitário. Desde então ações pontuais de centros acadêmicos, projetos de extensão e coletivos vem sendo desenvolvidos com a temática.  

Veronica Carolina da Silva Janini
(Diadema/SP)

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